Senhoria de Ortenburg
I
30 de Março de 1117 de Nosso Senhor.
Quase uma década havia passado desde que Nevenoe e seu pai Jestin haviam perdido sua terra natal para Ulfric Rott. O idoso Lorde Jestin, morreu de velhice deixando como herança para o direito sobre a cidade de Ortenburg. A próspera cidade próxima ao rio Rott e flanqueada por uma densa floresta, com o forte Danúbio correndo ao norte. Nevenoe havia juntado sessenta soldados duros, entregues por seu tio, que possuía uma terra ao norte de Ratisbonne e outra parte de seu primo que detinha uma porção de terras próximo a Tabor. Na floresta a leste de Ortenburg, acumulavam-se pobremente armados, mas determinados.
Nevenoe era acompanhado por seu irmão, Gregor Ortenburg e seu sobrinho Ehouarn. Dois bons homens de armas, em especial, Gregor que possuía uma compleição robusta e uma espada forjada em um castelo. Nevenoe era ligeiramente rechonchudo, mas também detinha uma boa espada e um escudo circular de carvalho negro cercado por rebites. Os três homens lideravam os outros vinte, cada um com um grupo de homens.
Esperavam que houvesse pelo menos cinquenta homens a serviço de Ulfric, mas um ataque bem planejado e feito de surpresa seria o suficiente para espantar a maioria. Nevenoe fez um círculo no chão, sulcando o solo negro com um graveto. Indicou os limites da cidade e indicou aos homens os pontos principais do ataque. Ulfric nunca fora um verdadeiro governante, tomara a cidade outrora próspera e espantou os mercadores, perdeu a maioria dos campos e minas, detendo agora nada mais do que um grupo de milicianos com a promessa de invadir uma nova terra.
Nevenoe não deixaria que Ulfric escapasse com sua vingança. Ele iria realizar o ataque após o anoitecer. Os homens estavam preparados, mas uma discórdia ameaçava devido a ausência de alimentos. Gregor indicou a necessidade de tomar os depósitos antes que Ulfric pudesse fugir com suprimentos e Nevenoe deu a ele vinte homens com a tarefa de subjugar a guarda dos depósitos de grãos. Ehouarn recebeu os outros dez homens, com o objetivo de flanquear a cidade pelo sul, bloqueando o acesso aos barquetes que Ulfric poderia usar e forçando-o a mover-se para o campo aberto na parte ocidental da cidade.
Nevenoe detinha com ele trinta homens, a maioria armado com escudos e lanças rudimentares, mas com os melhores equipamentos. Ele avançou pelo contorno oriental da cidade, usando a floresta como cobertura. Mal havia uma paliçada na cidade, sendo a guarda feita por homens a pé, muito espalhados e com poucos postos de observação. O então Lorde de jure de Ortenburg estava armado com um gambeson encimado por um tecido esverdeado, botas de couro negras e calças de lã bastante espessas, muito próprias para o vento gélido do Osterreich.
O cair da penumbra do final da tarde foi o sinal para o ataque. Gregor avançou pelo norte da cidade, saindo da floresta e matando a primeira patrulha. Nevenoe avançou pelo oeste, adentrando a rua principal que dividia o vilarejo em dois. De imediato, enfrentou um grupo de três homens armados com lanças que notaram o ataque e gritaram por alarme. Nevenoe espetou sua lança na perna de um deles e sentiu uma lâmina deslizar perigosamente em seu escudo. Ele então puxou a lança e desferiu uma segunda estocada no peito do inimigo, fazendo-o cair em grande dor.
Com o primeiro grupo destruído, gritos ecoaram pela cidade e os camponeses abriram suas janelas assustados. Viram então o grupo de trinta homens que Nevenoe liderava para o interior da cidade, atropelando os inimigos que ofereceram resistência no lado ocidental. O lorde viu que seu irmão abria caminho entre as casas rumo ao depósito e então correu pela rua até as proximidades da igreja que ficava ao centro do vilarejo. Nevenoe foi recebido com golpes de machado em seu escudo, mas o carvalho e os rebites defletiram o ataque e ele penetrou fundo com sua lança no estômago de seu adversário. Uma morte dolorosa, mas que ele achava mais que justa para os adversários de seu comando.
Avançou rumo a praça central, cheio das carroças viradas pelos defensores na tentativa de bloquear o caminho. Os guerreiros de Nevenoe saltaram sobre elas e alguns caíram, ferido por golpes na cabeça. Nevenoe acertou dois homens com sua espada e um outro foi capaz de golpeá-lo com um chute forte na coxa, que o fez cair no meio do feno. Felizmente, o inimigo foi morto por um dos soldados aliados e Nevenoe levantou limpando seus ombros da lama e do feno. Como ele previra, os homens de Ulfric se concentravam na praça, empurrados por Ehouarn ao sul e Gregor ao norte.
O combate foi sangrento na praça e Nevenoe perdeu o escudo, quando ele se partiu após repetitivos golpes de machado . No entanto, apesar da terrível dor no antebraço, Ulfric fora vencido e com ele, a Casa Rott foi exterminada. Nevenoe então se dirigiu a igreja, onde alguns dos soldados de Ulfric haviam buscado asilo. O padre da cidade se interpôs no caminho de Nevenoe, instruindo-o sobre o terrível pecado de matar um homem no interior da casa de Deus.
- Se me aceitar como legítimo governante dessa cidade, padre, por meu direito de sangue e também por conquista, pouparei a vida desses homens, assim como oferecerei perdão a todos aqueles que ajudaram o meu algoz por tantos anos. - disse Nevenoe. Embora desejasse vingança, de nada adiantaria deter o vilarejo, apenas para perdê-lo em seguida. O padre seria necessário para restaurar o controle e a legitimidade de seu domínio.
O padre se resignou. Relutante em aceitar a conquista de Ortenburg através de um banho de sangue. No entanto, ele logo se encaminhou ao escritório do sacristão, buscando os documentos das muitas contribuições dos Ortenburg ao longo dos anos para a sacristia do vilarejo. O velho então, respondeu com um aceno.
Gregor trouxe a Nevenoe a cabeça de Ulfric Rott. Estava sedento para matar o restante dos homens de Ulfric que ainda se encontravam na cidade. Apenas após uma longa discussão, aceitou as demandas do irmão de conceder a todos os homens um enterro cristão, como mandava as leis da guerra.
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